Em Marafa, Marques Rebelo constrói a dinâmica da sociedade carioca trazendo à cena uma grande galeria de personagens que compõem dois universos distintos que não se comunicam e não interagem um com outro: o da ordem ou do trabalho, o qual pertencem os indivÃduos que seguem os padrões sociais burgueses, procurando viver de forma digna e honesta; e o da desordem ou malandragem, em que estão inseridos aqueles que vivem trapaça, do ócio, da prostituição e de tudo que está relacionado a uma vida desregrada. Nesse contexto, prevalece a ética daqueles que se sobressaem através da malandragem e da ociosidade, pois em uma sociedade competitiva em que o ativismo é uma caracterÃstica fundamental, geralmente vence quem não se importa com os meios para conseguir realizar seus objetivos, ao passo que aqueles que permanecem resignados acabam pagando o preço da não-realização.