A TRADIÇÃO DA PESCA NO TERRITÓRIO SESMARIA DO JARDIM (MARANHÃO): CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO

Vivência: Revista de Antropologia

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Telefone: (84) 3342-2240
ISSN: 2238-6009
Editor Chefe: Julie Antoinette Cavignac
Início Publicação: 07/05/2012
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Ciências Humanas, Área de Estudo: Antropologia, Área de Estudo: Sociologia

A TRADIÇÃO DA PESCA NO TERRITÓRIO SESMARIA DO JARDIM (MARANHÃO): CONFLITOS SOCIOAMBIENTAIS E ESTRATÉGIAS DE MOBILIZAÇÃO

Ano: 2019 | Volume: 1 | Número: 53
Autores: F. B. Barros, N S. M. Porro, A. S. Linhares, C. S. Brito
Autor Correspondente: F. B. Barros | [email protected]

Palavras-chave: Conhecimento Tradicional, Pesca artesanal, Ação coletiva, Conservação da biodiversidade, APA da Baixada Maranhense

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O artigo discute as práticas e os conhecimentos tradicionais associados à pesca no contexto de conflitos socioambientais envolvendo criadores de búfalos e as comunidades quilombolas Bom Jesus e São Caetano, ambos localizadas no Território Sesmaria do Jardim, município de Matinha, Estado do Maranhão. As estratégias de mobilização social levadas a cabo pelas famílias quilombolas com vistas a conservação do ambiente e o direito de acesso e uso dos recursos presentes nos campos inundáveis também são objeto de reflexão neste texto. Partimos de uma abordagem da pesquisa-ação e os métodos de investigação se assentam em entrevistas etnográficas, lista livre, observação participante, discussões em grupo de enfoque e oficinas para ação pública. Os resultados demonstram como diferentes atores sociais se apropriam de modos distintos dos campos para exercer usos concorrentes. Os pescadores artesanais reivindicam o livre acesso ao campo enquanto recurso de uso comum, para o desenvolvimento de suas práticas sociais no trabalho da pesca associado à conservação dos recursos e da natureza. Criadores de búfalos e piscicultores, numa outra lógica, impõem a privatização dos campos, através da implantação de cercas elétricas e açudes artificiais para criação de peixes exóticos. Concluímos que a pesca artesanal dos quilombolas se constitui de práticas e conhecimentos tradicionais, e acima de tudo é construída por processos de resistência por direitos definidos num campo de forças políticas.



Resumo Inglês:

This article is about traditional practices and knowledge, related to peasant fishing in the context of socio-environmental conflicts between buffalo breeders and the quilombola communities of Bom Jesus and São Caetano, both located in the Territory Sesmaria do Jardim, municipality of Matinha, Maranhão State, Brazil. This research focus on strategies of social mobilization carried out by the quilombola families aiming at the rights to access and conserve their traditionally occupied floodplains. Based on research-action methodology, we carried out ethnographic interviews, participant observation, free listing, focus group discussion and workshops. The results show how different social actors approach the floodplains distinctly, in concurrent uses. The traditional fishermen and fisherwomen vindicate free access to the floodplains as a common use resource, which must be conserved. On a diverse logic, buffalo breeders and commercial captive fish farmers impose the privatization of the floodplains, placing barbed-wire electricfences and manmade reservoir for breeding captive exotic fish. We conclude that traditional fishing is about practices and knowledge, but overall it is about processes of resistance for rights defined in a field of political forces.