A tradução do livro católico O coração do ser humano, de J. E. Gossner (1812) pelo presbiteriano A. Jensen (1914): a promoção de um imaginário católico ou sua releitura protestante?
Estudos De Religião
A tradução do livro católico O coração do ser humano, de J. E. Gossner (1812) pelo presbiteriano A. Jensen (1914): a promoção de um imaginário católico ou sua releitura protestante?
Autor Correspondente: H. Renders | [email protected]
Palavras-chave: Johannes Evangelista Gossner, André Jensen, Das Herz des Menschen, Livrinho do coração, religião “cordialâ€, religio cordis.
Resumos Cadastrados
Resumo Português:
O artigo interpreta o livro Das Herz des Menschen [O coração do ser humano], de J. E. Gossner
de 1822 a partir de suas bases católicas e compara o resultado com sua tradução
para o português, feita em 1914 pelo presbiteriano brasileiro André Jensen. Para isso,
estuda-se a iconografia de suas dez estampas e a iconologia dos textos acompanhantes.
Conclui-se que Jensen considerava o conteúdo da versão original, em geral, compatÃvel
com sua compreensão da tradição presbiteriana. Para isso, apresenta, sutilmente, Calvino
como representante da religio cordis e omite, discretamente, conceitos não presbiterianos,
como o católico zuvorkommende Gnade (graça proveniente). Além disso, Jensen reorganiza
a sequência dos emblemas segundo o esquema do “caminho largo e caminho
estreito†do protestantismo tardio que, de fato, somente reafirma um aspecto central
da mensagem da versão original: sua leitura unilateralmente negativa do mundo como
sedutor ou perseguidor. Assim, até a introdução da liberdade no lugar da generosidade,
ou seja, de um conceito distinto do protestantismo, não contribui para uma releitura
protestante. Prevalece um imaginário dicotômico da batalha entre Deus e o Diabo
no, e pelo, coração humano com o foco em alcançar uma morte santa, sem nenhuma
pretensão de transformar o mundo.
Resumo Inglês:
This paper interprets The heart of man, written by J. E. Gossner in 1822, from its Catholic
background and compares the result with its translation into Portuguese, produced in
1914 by André Jensen, a Brazilian Presbyterian. To achieve this, we study the iconography of its ten emblems and the iconology of its accompanying texts. We conclude
that Jensen believed the contents of the original version were generally consistent with
his understanding of the Presbyterian tradition. He subtly presents Calvin as the representative
of the religio cordis and discreetly omits non-Presbyterian concepts, such as
the Catholic zuvorkommende Gnade (prevenient grace). Moreover, Jensen reorganizes the
sequence of emblems according to the late Protestant scheme of the “broad and narrow
wayâ€, which, in fact, reaffirms only a central aspect of the book’s original message, its
unilateral negative understanding of the world as seductive or oppressive. Thus, even the
introduction of freedom in place of generosity, that is, of a distinct Protestant concept,
did not contribute to the creation of a more Protestant rereading. There is a prevailing
dichotomous imaginary of a battle between God and the devil in and by the human
heart focused on reaching a holy death, with no intention of transforming the world.
Resumo Espanhol:
En el documento se interpreta el libro Das Herz des Menschen [El corazón humano], de J.
E. Gossner de 1822, desde su base católica y compara el resultado con su traducción
al portugués, realizada en 1914 por el brasileño presbiteriano André Jensen. Para ello,
se estudia la iconografÃa de sus diez emblemas y la iconologÃa de los textos adjuntos.
Llegamos a la conclusión de que Jensen cree que el contenido de la versión original
en general es de acuerdo con su comprensión de la tradición presbiteriana. Para ello,
presenta sutilmente Calvin como representante de la religio cordis, y omite discretamente
conceptos no presbiterianos, como el católico zuvorkommende Gnade (la gracia proveniente).
Además Jensen reorganiza la secuencia de los emblemas de acuerdo con el esquema
del “camino ancho y el camino angosto†del protestantismo tardÃo que, en realidad, sólo
reafirma un aspecto central del mensaje original: su lectura unilateralmente negativa del
mundo como seductor o acosador. Por lo tanto, hasta la introducción de la libertad en
lugar de la generosidad, o sea, un concepto distinto del protestantismo, no contribuye
a una relectura protestante. Predomina un imaginario dicotómico de una batalla entre
Dios y el diablo, en y por lo corazón humano, con el único objetivo de lograr una
muerte santa, sin ninguna pretensión de transformar el mundo.