O texto "A moda" ("Die Mode"), de Georg Simmel (Berlim, 1858 - Strasbourg, 1918), foi
publicado, pela primeira vez, em Philosophische Kultur (Cultura Filosófica). Leipzig, Kröner, 1911.
A maneira que nos é dada de conceber os fenômenos da vida nos deixa sentir em cada
ponto da existência uma pluralidade de forças; de modo que cada uma dessas forças se esforça,
na verdade, para ultrapassar os fenômenos verdadeiros, quebrando contra a outra sua infinitude
e se transformando em mera energia potencial e nostalgia. Em toda ação, mesmo na mais
completa e fecunda, sentimos algo que ainda não conseguiu totalmente se expressar. Na medida
em que isso acontece através da limitação recÃproca dos elementos que se entrechocam, é em
seu dualismo que, justamente, se manifesta a unidade total da vida. E a vida só ganha essa
riqueza de possibilidades infinitas que completa sua realidade fragmentária quando cada energia
interna se arroja para fora da medida de sua expressão visÃvel, só assim seus fenômenos
permitem presumir forças mais profundas, tensões mais insolúveis, guerra e paz de proporções
maiores do que seus dados imediatos denunciam.