Há dois aspectos salientes na filosofia da religião de Habermas. Primeiro, de acordo com ele, Kant seria o arauto de uma filosofia da religião agnóstica que não consideraria a religião como supérflua. É nesse sentido que se deve entender a apropriação racional de conteúdos religiosos. Kant teria, portanto, operado uma apropriação salvadora de conteúdos religiosos nos limites da simples razão, de tal forma que ele poderia ser considerado exemplar da possibilidade de tradução racional de conteúdos cognitivos presentes na religião. Segundo, no que diz respeito às implicações políticas da tradução da religião para argumentos publicamente aceitáveis, Habermas analisa se tal exigência de tradutibilidade por parte dos cidadãos religiosos se constituiria em uma exigência do Estado que feriria o requisito de sua neutralidade em relação a concepções abrangentes de bem. O presente estudo trata do primeiro ponto.
There are twosalient aspectsin Habermas’sphilosophy of religion. First, according to him, Kantwould bethe heraldof anagnostic philosophyof religionthat not considersreligion assuperfluous. It is in thissense that wemust understand therationalappropriationofreligious content. Habermas views Kantas a paradigm of savingreligious content within the limitsof reasonalone, so thatit could be consideredexemplaryof the possibility of rational translation ofcognitive contentspresent inreligion.Second,in respectofthe political implicationsof translationofreligioncontentsintoargumentspubliclyacceptable, Habermasanalyzeswhether such a requirementoftranslatabilityby thereligious citizenswould constitutea requirementthatwould be in opposition to theexigenceofstateneutrality. The present studyis about the firstpoint.