Traduções do Cholo: projetos de sociedade andina que emergem da passagem da tradição do Manchay Puytu da oralidade para a forma escrita

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ISSN: 19822014
Editor Chefe: NULL
Início Publicação: 31/12/1974
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Letras

Traduções do Cholo: projetos de sociedade andina que emergem da passagem da tradição do Manchay Puytu da oralidade para a forma escrita

Ano: 2014 | Volume: 39 | Número: 66
Autores: Rafael Simões Lasevitz
Autor Correspondente: Rafael Simões Lasevitz | [email protected]

Palavras-chave: Tradição oral, literatura andina, Cholo, Manchay Puytu, pós-colonial, projetos de sociedade, colonialidade do poder, cosmologia quéchua

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

Entre o século XIX e o século XX, diversos escritores latino-americanos se aventuraram na criação de versões escritas da tradicional narrativa oral andina Manchay Puytu. Neste artigo, me proponho a analisar como algumas dessas versões refletiam projetos de sociedade concebidos por seus autores, e isso, particularmente em relação a um contexto de América Latina pós-colonial. Para isto, tomo como central a figura do cholo, o mestiço de brancos com ameríndios e herói das histórias do Manchay que, por sua posição ambígua, recebia grande parte do peso de expectativas do meio intelectual de cada época, ora positivas, ora negativas. Para desenvolver minha análise, faço uso de extensa pesquisa bibliográfica, assim como de certas ferramentas teóricas tiradas das ciências sociais que me permitem pensar o contexto pós-colonial em que tais “traduções do cholo” se inserem. Concluo com reflexões sobre o cholo na obra de Taboada Terán, apresentado como psicologicamente insustentável, além de sem lugar diante da colonialidade do poder da sociedade em que ainda vive, e aponto ainda a importância do Manchay Puytu, acima de tudo como estratégia de lembrança de um opressor passado colonial, o que é ressaltado pela imagem da quena, flauta andina de alto poder simbólico na cosmologia quéchua.



Resumo Inglês:

Between the nineteenth and twentieth centuries, many Latin-American writers ventured themselves in the creation of written versions of the traditional Andean oral tale Manchay Puytu. In this article, I propose myself to analyse how some of these versions reflected projects of society conceived by their authors, and that, particularly in relation to a postcolonial Latin-American context in which they were inserted. To do so, I take as central to my reflections the image of the cholo, the Andean mestizo, protagonist hero of Manchay’s narratives who, due to his ambiguous position, would receive a large part of the burden of the expectations of intellectual circles of different periods in the region, both positive and negative. In order to develop my analysis, I make use of an extensive bibliographical research, as well as certain theoretical tools that I borrow from the social sciences and that allow me to think the postcolonial context in which such “translations of the cholo” find themselves in. Finally, I conclude with reflections on the representation of the cholo in Taboada Terán’s Manchay, presented as a psychologically unsustainable being with no place for himself vis-à-vis the coloniality of power of the society he still finds himself in. In the end, I also point out the importance of the Manchay tale above all as a strategy of remembrance of an oppressive colonial past, what is highlighted in most versions of the tale by the image of the quena, an Andean flute of high symbolical power within Quechua cosmology.