Este trabalho tem o propósito de enfocar a transcendência, que norteia o desvendamento do conto
“A Terceira Margem do Rioâ€, da obra Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa (1908-1967). Por meio da fortuna crÃtica e da análise do conto procura-se desvendar aspectos do indizÃvel a partir da travessia rosiana. A obra inspira-se em duas vertentes da literatura brasileira da primeira metade do século XX: o regionalismo e o romance psicológico. A realidade e a cultura sertaneja se transfiguram em retratos de grandes inventividades lingüÃsticas e literárias, em uma obra de alcance universal. Guimarães Rosa lança mão da mitologia, de lendas e do mito poético para transcender aos padrões estéticos. Na obra analisada entrevê a criação de um narrador que é ao mesmo tempo individualizado e coletivo, já que fala pela comunidade e pede a cumplicidade de um
interlocutor, que tenha coragem de se embrenhar pelos caminhos da leitura, instigando-o a se aventurar mais de uma vez pelas veredas desse vasto universo. Quanto mais se adentra, mais se descobre, mesclando imaginação, realidade e poesia.