Este artigo analisa as transformações nos sistemas agrários de duas zonas distintas (São Félix do Xingu no Brasil e Tacuarembó no Uruguai), onde a produção de carne bovina vem se destacando como importante atividade destinada à exportação, especialmente após os anos 1990. Embora as regiões sejam diferentes em termos ecológicos, pedoclimáticos e de trajetórias sociais de ocupação, constatam-se processos de evolução similares nas transformações no nÃvel de sistemas agrários. Essas mudanças traduzem-se pela chegada de novos atores, homogeneização dos espaços de produção e forte especialização na cadeia produtiva. Entre os processos de transformação destacamos a remoção da cobertura natural dos solos – plantio de pastagens após desmatamento na Amazônia e implantação de grãos e espécies madeireiras nos campos do Uruguai, a mecanização das terras e integração da produção bovina à cadeia agroindustrial. O apoio dos governos nacionais, por meio de incentivos e fortalecimento das infraestruturas necessárias à circulação dos produtos, foi importante para atrair inversão de capitais nacionais e estrangeiros nessas regiões consideradas marginais. Essas dinâmicas têm se desenvolvido sem levar em conta as potencialidades ecológicas e sociais de cada um dos territórios, provocando a desestruturação das populações rurais e degradação ambiental