Estudos diacrônicos têm identificado o final do século do XIX como um momento em que mudanças sintáticas foram implementadas no português brasileiro (PB). Alguns desses estudos foram listados por Tarallo (1993) e por meio deles o autor concluiu que o final do século XIX foi o perÃodo em que surgiu a gramática do PB. Apresentamos os resultados de outros dois estudos que se enquadram nesse perfil (CHAVES, 2006; MOREIRA, 2008) e utilizam amostras escritas como fonte de dados, no intuito de mostrar que os resultados podem ser interpretados de outro modo. Argumentamos que mudanças descritas a partir de dados escritos não se implementaram no perÃodo apontado, mas anteriormente. Nesse sentido, por extensão, sugerimos que o final do século XIX não é o perÃodo em que emerge a gramática do PB. Esse é o momento em que essa gramática se massifica no domÃnio da escrita, uma vez que inovações linguÃsticas tornam-se visÃveis na escrita quando são bem aceitas na fala.
Diachronic studies have shown that the end of the 19th century is a period in which syntactic changes were implemented in Brazilian Portuguese (BP). Some of these studies were listed by Tarallo (1993), arguing that the end of the 19th century was the period that witnessed the emergence of BP grammar. We present the results of two other studies that share the same profile (CHAVES, 2006; MOREIRA, 2008), in which written samples were analysed, in order to show that the results can be interpreted in a different way. We argue that the changes evidenced by the written samples analysis had been implemented in a previous period. It is our assumption that the end of the 19th century is not the period that witnessed the emergence of BP grammar. This period corresponds to the massification of grammar in written language, since linguistic innovations manifest in written language when they are accepted in oral language by speakers.