O objetivo deste artigo é traçar aproximações, assim como distanciamentos, entre MacunaÃma, o herói sem nenhum caráter, de Mário de Andrade, e Retrato do Brasil, ensaio sobre a tristeza brasileira, de Paulo Prado. Publicados no mesmo ano, em 1928, ambos os livros são marcados por um constante diálogo. Inclusive, em um prefácio inédito, Mário explica ter se aproveitado antecipadamente dos rascunhos de Retrato do Brasil para escrever sua ficção. Não à toa, MacunaÃma é dedicado a Paulo Prado, e não somente por amizade, como veremos. Esta breve análise comparativa de ambas as obras parece fornecer elementos que nos ajudam a compreender, de modo mais localizado, a construção da identidade nacional brasileira, assim como a pensar, de modo mais amplo, as relações entre a arte e a ciência, a literatura e a história.
The purpose of this article is to draw similarities and explore differences between Mário de Andrade’s MacunaÃma,
a hero without a character and Paulo Prado’s A Portrait of Brazil, essay on Brazilian sadness. Published in 1928, both books are remarkable for constant dialogue. Andrade’s unpublished foreword reveals that he drew inspiration for writing his fiction work from early drafts of A Portrait of Brazil. As we will discuss it, MacunaÃma was dedicated to Paulo Prado not only out of friendship. This brief comparative analysis of both works provide inputs that can help us understand the relationships between art and science, literature and history, in general; and the construction of the Brazilian national identity in particular.