D. Rodrigo de Souza Coutinho (1755-1812) vem sendo alvo de atenção da historiografia nas últimas décadas. Arquétipo do reformismo ilustrado luso-brasileiro, sua influência no pensamento político dos homens que vivenciaram a conjuntura do final do século XVIII e do início do XIX, é notória e reiterada em diversas análises. O artigo pretende problematizar a ênfase excessiva nas atitudes e nos projetos que ligam D. Rodrigo aos ideais de modernidade de cunho liberal do período, elaboradas a partir da primeira biografia publicada sobre o personagem em 1908; e recuperar aspectos de seu pensamento que remetem à defesa de ideais, que chamarei de “tradicionalistas” capazes de fundamentar as escolhas feitas pelas elites que atuaram no processo de emancipação política, como o projeto de manutenção da monarquia como sistema de governo e a escravidão.