Os direitos humanos são analisados à luz da obra literária Vidas Secas visando compreender questões socioambientais e culturais envolvidas no sertão nordestino brasileiro que perduram até hoje. Busca-se descortinar a realidade de esquecimento e enfatizar o tempo em que acontecem, e assim demonstrar a atemporalidade da história. O problema consiste na indagação acerca da possibilidade de uma hermenêutica jurídico-social atual por meio da obra de Graciliano Ramos escrita em 1938. O estudo tem os ideais de “solidariedade” de Zygmunt Bauman e “outridade” de Enrique Leff como marcos teóricos principais. Além disso, a ideia de “alteridade” trabalhada por Emmanuel Levinas foi utilizada como referencial teórico subsidiário. Utiliza-se pesquisa doutrinária, de maneira analítico-descritiva, para concluir sobre a atemporalidade do texto e a emergência da necessária formação de um padrão de outridade em relação à região sertaneja, e a outras igualmente esquecidas. São espaços que necessitam de uma ressignificação coletiva capaz de transformar seus moradores em verdadeiros atores sociais aptos a influenciarem o ambiente em que vivem.
In this paper the book Vidas Secas is used as support to the understanding of Human Rights over the life, culture and socio-environmental matters in the Northeast region of Brazil, the Sertão, which endures to this day. It intends to reveal the reality of the Sertanejo life and emphasize the time in which it happens, thus demonstrating the timelessness of the story. The matter consists in questioning the possibility of a modern social and legal hermeneutics through the work of Graciliano Ramos, written in 1938. The study carries the ideals of ‘solidarity’ from Zygmunt Baumann and ‘otherness’ from Enrique Leff as fundamental frameworks. Besides, the idea of ‘alterity’ from Emmanuel Levinas’ work was utilized as a subsidiary theoretical framework. Through doctrinal research, in an analytically-descriptive manner, it concludes on the timeliness of the text and the emergency of an necessary formation of a pattern of alterity in relation to the Sertanejo region, and other equally forgotten regions. They are spaces that need a collective re-signification capable of transforming its inhabitants into true social actors capable of influencing the environment in which they inhabit.