A sociedade contemporânea está repleta da cultura da imagem, fenômeno, que no meu modo de entender, se deve principalmente a narrativa fÃlmica. Walter Benjamin afirma que “o modo pelo qual se organiza a percepção humana, o meio em que ele se dá, não é apenas condicionado naturalmente, mas também historicamente†(BENJAMIN, 1994, p.169). Essa condição natural e histórica, que nos propiciou a leitura de mundo e da própria arte pela imagem, abre-nos um leque de grandes possibilidades interpretativas e crÃticas, uma delas está na leitura de poemas e suas relações com a cultura da narrativa fÃlmica. A proposta deste artigo é publicar projeto de tese sobre imagética cinemática, que acredito estar presente nas letras das canções do compositor brasileiro Chico Buarque de Hollanda. Utilizo a expressão imagética cinemática com o intuito de explicitar que as propostas de análises a serem feitas estarão voltadas para a percepção de cenas de cinema na poesia do artista. Para Ismail Xavier “a experiência do cinema, em suas diferentes matizes e peculiaridades, constitui talvez a matriz fundamental de processos que ocupam hoje o pesquisador dos “meios†ou o intelectual que interroga a modernidade e pensa as questões estéticas do nosso tempo†(XAVIER,1983, p.15). Como se manifesta a leitura das coisas do mundo com olhos cinematográficos? Como a imagética cinemática pode habitar a poesia? São questionamentos que fundamentam o entendimento e a resposta do problema principal da tese.