Este artigo parte da discussão sobre a concepção freudiana de cultura, para derivar uma perspectiva de oposição entre, de um lado, o desamparo radical da cria humana enquanto uma espécie de medida da condição ética e, de outro, posicionamentos de defesa do reducionismo dos fenômenos psíquicos a determinantes biológicos, naturalistas e/ou fisicalistas, como um modo de escamoteamento do mal-estar daí decorrente. Ao tomar a concepção de cultura como um operador de leitura, o artigo delimita distinções estruturais entre as práticas de reconhecimento do mal-estar por abordagens discursivas – seguindo a orientação de Lacan em seu retorno a Freud – e aquelas que buscam embasamento epistemológico no modelo das ciências da natureza. Como resultado, defendemos que uma delimitação, em termos de linguagem para o mal-estar, implica na condição clínica de sua narratividade e na inclusão de uma concepção de sujeito incompatível com o modelo das ciências da natureza.
The paper starts from the discussion about the Freudian conception of culture to develop an opposite perspective between, on the one hand, the radical helplessness of the human being as a measure of the ethical condition and, on the other, several positions of reductionism of the psychic phenomena to biological, naturalistic and/or physicalistic determinants as a way of concealment of the resulting malaise. By taking the conception of culture as a reading operator, the article delimits the structural distinctions between the practices of recognition of malaise by discursive approaches – following Lacan’s orientation in his return to Freud – and those seeking the epistemological basis in the model of natural sciences. As a result, we argue that delimitation in terms of language for malaise implies the clinical condition of its narrativity, as well as the inclusion of a conception of subject incompatible with the model of the natural sciences.
l artículo parte de la discusión sobre la concepción freudiana de cultura para derivar una perspectiva de oposición entre, por un lado, el desamparo radical de la cría humana como una especie de medida de condición ética y, por otro, los posicionamientos de defensa del reduccionismo de los fenómenos psíquicos a determinantes biológicos, naturalistas y/o fisicalistas como un modo de escamotear el malestar resultante. Al tomar la concepción de cultura como un operador de lectura, el artículo delimita distinciones estructurales entre las prácticas de reconocimiento del malestar por enfoques discursivos – siguiendo la orientación de Lacan a su retorno a Freud – y aquellas que buscan basamento epistemológico en el modelo de las ciencias de la naturaleza. Como resultado, defendemos que una delimitación en términos de lenguaje para el malestar implica la condición clínica de su narrativa, así como en la inclusión de una concepción de sujeto incompatible con el modelo de las ciencias de la naturaleza.