A hegemonia da prisão como medida punitiva universal em contraposição à anterior publicização da pena é um fato histórico que marcou a passagem para a modernidade. A partir desse quadro paradoxal que permaneceu na sociedade moderna após o surgimento da prisão, busca-se, neste artigo, expor explicações, de fundo sociológico, acerca da passagem de uma forma pública de punição para uma encapsulada e distante da sociedade, a partir de dois autores que parecem se contrapor, tanto teoricamente, quanto metodologicamente: o sociólogo alemão Norbert Elias e o filósofo francês Michel Foucault. Ambos chegam por vias distintas a explicações sobre esse quadro paradoxal, embora ainda guardem alguns pontos de contato. Por fim, sinalizamos como esse diagnóstico já estava, de alguma forma, anos antes, presente nos escritos durkheiminianos. Essa pluralidade de explicações, advindas de tradições teóricas distintas, acerca de um mesmo fenômeno, traz a evidência de que a permanência da prisão e seu desajuste com a sociedade contemporânea é um fenômeno social objetivo, independentemente de tal ou qual abordagem sociológica
The hegemony of prisons as universal punitive measure, in contrast to previous public sentencing, is a historic fact that marked the transition to modernity. Considering this paradoxical scenario that remained in modern society after the emergence of prisons, this article aims to provide sociological explanations of the transition from public forms of punishment to those encapsulated and distant from society. The study is based on two authors who seem to be opposite in both theory and method: the German sociologist Norbert Elias and the French philosopher Michel Foucault. By different routes, both provide explanations on this paradoxical situation, although keeping points of contact. We also point out how that this diagnosis was somehow, years earlier, present in the Durkheim's writings. This plurality of explanations, derived from distinct theoretical traditions of the same phenomenon, demonstrates that the permanence of prisons and its mismatch with contemporary society is an objective social phenomenon, regardless of the sociological approach.
A hegemonia da prisão como medida punitiva universal em contraposição à anterior publicização da pena é um fato histórico que marcou a passagem para a modernidade. A partir desse quadro paradoxal que permaneceu na sociedade moderna após o surgimento da prisão, busca-se, neste artigo, expor explicações, de fundo sociológico, acerca da passagem de uma forma pública de punição para uma encapsulada e distante da sociedade, a partir de dois autores que parecem se contrapor, tanto teoricamente, quanto metodologicamente: o sociólogo alemão Norbert Elias e o filósofo francês Michel Foucault. Ambos chegam por vias distintas a explicações sobre esse quadro paradoxal, embora ainda guardem alguns pontos de contato. Por fim, sinalizamos como esse diagnóstico já estava, de alguma forma, anos antes, presente nos escritos durkheiminianos. Essa pluralidade de explicações, advindas de tradições teóricas distintas, acerca de um mesmo fenômeno, traz a evidência de que a permanência da prisão e seu desajuste com a sociedade contemporânea é um fenômeno social objetivo, independentemente de tal ou qual abordagem sociológica