O presente artigo visa analisar historicamente experiências transicionais e como estas podem ser articuladas enquanto legados para entendermos a justiça de transição no Brasil. Nesse sentido, buscamos no passado pós-Primeira Guerra Mundial novos caminhos sobre a articulação entre reconciliação e justiça. Em perspectiva nacional, a tradição de anistias e a retórica do “acordo” foram analisadas com o objetivo de definir limites e possibilidades da democracia brasileira, moldada no legado do terrorismo de Estado, impune e permanente. O lema da transição que é incompleta – por esquecer, reconciliar e negar – é resultado de um processo legitimado no uso de passados e permanece fortemente inscrito na memória pública do país. Descobrir os passados em que ele se legitima é fundamental para desconstruí-lo e essa se torna uma tarefa ética imprescindível a nós historiadoras e historiadores. Assim, esse artigo é também um chamado. Não temos pretensão de delimitar “comos” e “porquês” a historiografia deve se envolver com a justiça de transição e com a transformação do presente. Antes de tudo, este é um convite ao debate, ao compartilhamento de teorias e experiências.