Publicada na Áustria em 2000, a biografia de Sidonie Csillag, uma mulher centenária, nascida em 1900 em Viena, tendo lá permanecido até 1940, me interessou, sobretudo, por se tratar de uma paciente de Freud, sobre quem ele publicou um estudo de caso em 1920, buscando entender a “origem e desenvolvimento” da homossexualidade em mulheres. 2As autoras, Ines Rieder e Diana Voigt, são conterrâneas de Sidonie, nome que, conforme escrevem no prefácio, inventaram para “a personagem” dessa “trama”, que é uma “história verdadeira”, obtida através da transcrição de várias horas de conversa gravadas e uma extensa documentação. Rieder é escritora e Voigt é psicóloga e, bem no final da trama do livro, elas aparecem como personagens que são as “duas jovens amigas” de Sidonie, a quem ela contava sua história. O prefácio aponta a falta da “vida e a experiência homossexuais” na imensa literatura produzida sobre a Viena do fin de siècle, sugerindo que o livro possa suprir essa falta.