A partir da segunda metade do século XX, Arthur Giannotti apresenta uma leitura wittgensteiniana e hegeliana de Karl Marx que provoca uma inflexão no debate da contradição na sociabilidade capitalista burguesa, inaugurando uma interpretação paradigmática de um Marx exterior à discussão do objeto emsi, isto é, exterior a um estatuto ontológico. Hegeliana, pois analisaria que a ideia de uma contradição real marxiana está profundamente vinculada à lógica especulativa hegeliana de identidade entre objeto e conceito, no Conceito e no racional. E wittgensteiniana, pois tem que as categorias do capital são determinações do pensamento em Marx, que por ser uma sintaxe gramatical do capital manifestaria a contradição inscrita apenas como expressão, uma expressão ampliada. O autor une, em resumo, Hegel e Wittgenstein para criticar Marx. Tais leituras muito se propagariam naquilo que seria reconhecido como “Seminário de Marx”, um projeto uspiano local e nacional para intelectuais e marxistas brasileiros que envolveria gerações de pensadores. Diante disso, tem-se como importante problematizar, a partir da leitura crítica de Arthur Giannotti, se a própria realidade capitalista burguesa é ou não é contraditória. No objetivo de compreender qual é a natureza da contradição na contemporaneidade burguesa, revisou-se metodologicamente algumas obras, artigos e entrevistas importantes do autor, rondou-se seus críticos e discentes e recolheu-se alguns dos seus principais argumentos. São aqui apresentados resultados iniciais e parciais de uma pesquisa de natureza bibliográfica, qualitativa e teórica em desenvolvimento no PPGFIL/UFAL.
From the second half of the 20th century, Arthur Giannotti presents a Wittgensteinian and Hegelian reading of Karl Marx that provokes an inflection in the debate of contradiction in bourgeois capitalist sociability, inaugurating a paradigmatic interpretation in the present day of a Marx outside the discussion of the object in-itself, that is, outside an ontological status. Hegelian, because he would analyze that the idea of a real Marxian contradiction is deeply linked to the Hegelian speculative logic, of identity between object and concept, in the Concept and in the rational. And, Wittgensteinian, because the categories of capital are determinations of thought in Marx, which, being a grammatical syntax of capital, would manifest the contradiction inscribed only as an expression, an expanded expression. In which the author unites, in short, Hegel and Wittgenstein to criticize Marx. Such readings would spread widely in what would be recognized as “Marx Seminar”, a local and national USP project for Brazilian intellectuals and Marxists that would involve generations of thinkers. In view of this, it is important to problematize from the critical reading of Arthur Giannotti whether the bourgeois capitalist reality itself is or is not contradictory. In order to understand what is the nature of the contradiction in bourgeois contemporaneity. Until then, some important works, articles and interviews of the author were methodologically reviewed; its critics and students were rounded up; and collected some of the main arguments. Here, initial and partial results of a bibliographic, qualitative and theoretical research under development at PPGFIL/UFAL are presented.