Uma leitura semiótica das multidões tem o objetivo de problematizar as funções do incomensurável na semiose. Tal problematização envolve os problemas da imanência, do primado da mediação que caracteriza o pensamento semiótico contemporâneo e da desconstrução das identidades operada pelas teorias queer. Para tanto, metodologicamente, (1) apresentamos os conceitos de multidão desenvolvidos por Charles Sanders Peirce, Antônio Negri e Michael Hardt; (2) discutimos o caráter descritivo das categorias faneroscópicas de Peirce para propor a Zeroidade como condição e imanência de toda a semiose; (3) identificamos a dupla face – virtual e mediada – da singularidade e (4) demonstramos de que maneira a singularidade, que é uma potência, dá lugar na semiose a identidades. É o caráter indissociável da singularidade, da identidade e das crenças/hábitos que permite a este artigo denunciar falsas dicotomias e afirmar o perspectivismo como horizonte fundamental para os estudos semióticos das multidões