Existe um Eu que é senhor sobre a sua própria casa, o corpo, ou toda a realidade pessoal se reduz a um conjunto de ordem neurofisiológica? Há consenso no meio cientÃfico de que é por meio do cérebro que ocorrem todos os processos mentais; não na alma, na acepção dos dualistas clássicos, como substância separada e acima do organismo. O Eu em sua capacidade de livre escolha, porém, permanece um mistério não decifrado. Neurofilósofos de orientação naturalista propõem que liberdade e determinismo cerebral são compatÃveis e, em seu entender, essa posição permite que – com limites – se prossiga falando de responsabilidade dos seres humanos por decisões. O fenômeno consciente e do livre-arbÃtrio não são prodÃgios do acaso, mas também não são meros produtos de uma causalidade linear. Situam-se no ser, que é sempre maior que a soma de todas as partes, ou seja, não reduzÃveis ao seu cérebro. As ponderações acerca dos resultados e interpretações em torno das pesquisas do cérebro são, hoje, lugar privilegiado para uma neuroética com visão integral de pessoa e auxiliam a que se observem as possibilidades e os limites das neurociências.