Partindo do sentido de terra agrÃcola em pousio (friche), como uma necessidade para que ela reconstituÃsse suas capacidades produtivas, este ensaio discute sua pertinência para a compreensão da sociedade dos nossos dias, através da analogia com a ideia da sociedade em estado de friche. Na medida em que fica em pousio, a terra desempenha, em suma, o papel de um mecanismo de regulação para garantir a produção agrÃcola a longo prazo. Desse modo, o estar em friche é um efeito de mercado, não tendo nada a ver com a terra em si. Os deslocamentos ou fechamentos de empresas provocaram, antes de mais nada, o nascimento de uma « friche » industrial relativa à s construções e ao desemprego para os operários e empregados. A friche « arquitetônica » está na ordem das coisas porquanto significa que as empresas chegaram à maturidade e que elas não possuem mais seu lugar na paisagem econômica. Mas, ao mesmo tempo, ela pode ser considerada como oportunidade nas cidades em que existem problemas em termos de urbanismo, sendo esta, portanto, a ocasião para se repensar os aménagements. Ademais, se a friche industrial pode ser considerada como uma friche de regulação, a do trabalho industrial não pode sê-lo, constintuindo uma friche funcional sem esperança. A friche terciária pelo desaparecimento de empresas, a partir dos anos 1990, pode ser, do mesmo jeito, comparada à industrial : desaparecimento de escritórios e abandono dos empregados ou de uma parte dentre eles. Nessa perspectiva, entramos na era da friche antes da friche ! Nota-se que a única coisa que nunca se torna uma friche é a moeda, o capital financeiro e suas diferentes metamorfoses.