Unger tem obra sólida e extensa, referência em teoria social e polÃtica, principalmente nos EUA, marcada por clara dimensão filosófica e uma perspectiva de Terceiro Mundo e de Brasil, contextos onde vê inauditas oportunidades de invenção e mudança, de significado e alcance universais. Criação, mudança, ação, imaginação, futuridade e pessoalidade têm lugar destacado na sua original filosofia de fundo, pragmatista, democraticamente empenhada, explicitada no recente The Self Awekened: Pragmatism Unbound — em agudo contraste com o espÃrito dominante da comunidade filosófica brasileira, mais caracterizada por trabalhos de comentário e exegese de textos canônicos, do que Unger chamaria de filosofia perene. O que não significa que sua posição filosófica se valha apenas da experiência social e dos recursos de pensamento do Novo Mundo, dos EUA e de paÃses emergentes, mas também recursos alemães e europeus, do hegelianismo de esquerda, do romantismo, do reformismo social. Para conceber um processo democrático novo e radical, orientado pela capacidade humana de transcendência, na cultura, na economia, na sociedade, para a transformação e fluidificação da vida institucional e de pensamento. Tudo isso sugere que pode ser proveitoso envolver-se com sua proposta de atualização da filosofia,
seja para criticá-la, descartá-la, corrigi-la ou desenvolvêla.