O escopo deste artigo é mostrar a necessidade no mundo hodierno de um novo princÃpio
ético, que leve em consideração as conquistas do homem sobre a natureza. Segundo
Hans Jonas, todos os sistemas morais da tradição conceberam o agir dentro dos limites
da existência do agente, de maneira que a pergunta pelos efeitos para as gerações
futuras não se constituÃa como dado importante a ser considerado. O motivo de tal
postura era o fato da natureza e da humanidade serem consideradas como inalteráveis: o
ser humano cuidaria apenas da convivência com os de sua espécie, enquanto o meio
ambiente cuidaria de si mesmo, indiferente e inabalável perante o que lhe faziam. Com
o avanço da técnica, o poder de transformar e criar ganhou proporções nunca antes
imaginadas, ao ponto de não poder mais se pensar a natureza como infensa à atuação do
homem sobre ela. Na verdade, este próprio, que sempre teve o engenho tecnológico
como instrumento seu, passou a ser objeto da sua criação, pondo-a como fim e não mais
como meio. Por este motivo, a ação humana alarga-se em seu campo de atuação, uma
vez que possui hoje a força de eliminar ecossistemas e até mesmo a vida humana sobre
a terra. Para este novo continente do agir, faz-se mister uma nova atitude ética diante do
mundo, ao que Hans Jonas vai chamar princÃpio responsabilidade.