RESUMO
O uso do canabidiol e da dieta cetogênica como tratamento para epilepsias refratárias tem ganhado atenção considerável, principalmente devido ao aumento de pesquisas sobre esses temas. Os efeitos medicinais da planta Cannabis sativa, de onde é retirado o canabidiol (CBD), são conhecidos e aplicados há milhares de anos, com relatos do seu uso para tratamento de diversas condições médicas datando de 2700 a.C na China. Há relatos do uso da dieta cetogênica para controle da epilepsia por povos no passado. Atualmente a dieta está disponível em mais de 50 países. Entretanto, ambas as terapêuticas possuem baixa aceitação por pacientes e seus familiares e por médicos especialistas, o que pode estar relacionado ao desconhecimento, ao preconceito e aos sacrifícios necessários para a efetividade do tratamento. Desta forma, é importante a desmistificação do uso medicamentoso do canabidiol e da dieta cetogênica, principalmente pelos médicos neurologistas, que devem buscar aperfeiçoamento constante para oferecerem o melhor tratamento a seus pacientes. Uma boa relação médico-paciente deve esclarecer os benefícios desses tratamentos e promover maior aceitabilidade pelos pacientes e seus familiares e eficiência a longo prazo das terapias. O presente estudo traz uma revisão sobre o histórico, estudos clínicos, mecanismo de ação e efeitos adversos do canabidiol e da dieta cetogênica, além da apresentação e tolerabilidade, interações medicamentosas e vulnerabilidade do canabidiol, e os tipos de dieta, indicações e contraindicações, seguimento e exames complementares da dieta cetogênica para melhor informar os profissionais de saúde sobre essas possibilidades muitas vezes esquecidas de controle das epilepsias refratárias.
ABSTRACT
Introduction: Text The use of cannabidiol and the ketogenic diet as a treatment for refractory epilepsies has gained considerable attention, mainly due to increased research on these topics. The medicinal effects of the Cannabis sativa plant, from which cannabidiol (CBD) is extracted, have been known and applied for years, with reports of its use for treating various medical conditions dating from 2700 BC in China. There are reports of the utilization of the Ketogenic Diet to control epilepsy by people in the past. The diet is now available in more than 50 countries. However, both therapies have low acceptance by patients, their relatives, and specialist physicians, which can be related to ignorance, prejudice, and the sacrifices needed for the effectiveness of treatment. Thus, it is crucial to demystify the drug use of cannabidiol and the ketogenic diet, mainly by neurologists, who must seek constant improvement to offer the best treatment to their patients. An effective doctor-patient relationship should clarify the benefits of these treatments and provide greater acceptability by the patient and his or her relatives and long-term efficiency of therapies. The present study provides a review of the history, clinical studies, mechanisms of action, and adverse effects of cannabidiol and the ketogenic diet, in addition to the presentation and tolerability, drug interactions and vulnerability of cannabidiol and the types of diet, indications, and contraindications, follow-up and complementary tests of the ketogenic diet to better inform health professionals about these often overlooked possibilities of controlling refractory epilepsies.