Este artigo pretende evidenciar o uso e a ocupação dos recursos naturais e suas consequências socioambientais para a população do entorno do Parque Nacional (Parna) de Ubajara (Ceará), no Planalto da Ibiapaba. O parque possui diferencial morfoclimático, estando inserido na floresta ombrófila aberta, que, segundo a Lei 11.428/2006, integra os remanescentes de Mata Atlântica. Historicamente, o Planalto da Ibiapaba integrou os ciclos produtivos de cana-de-açúcar, café e algodão no Ceará, nos séculos XIX e XX. Atualmente, tais ciclos têm sido substituídos pelo cultivo comercial da fruticultura e olericultura, viabilizado pelo uso intenso de insumo externo: esterco, adubação química com suplemento de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), pó de rocha, sementes híbridas e transgênicas e uso concentrado de agrotóxicos. O uso intensivo do solo para atividades agrícola, de pecuária extensiva e de extrativismo florestal predatório nos revela as ameaças e a vulnerabilidade da conservação. Na pesquisa qualitativa, ficou evidente que parte da população não reconhece a importância e o objetivo do Parna Ubajara. Torna-se evidente, assim, a importância da unidade de conservação para a preservação da natureza, apesar da complexa relação estremecida da população com o parque. A essa reflexão, associam-se novas práticas socioambientais na busca da recuperação dos recursos naturais degradados, estimulando mudanças na prática da agricultura familiar.