Uma das dificuldades mais comuns de uma certa
historiografia da ciência é supor que o seu modo de narrar o
desenvolvimento cientÃfico é neutro e evidente. Ainda que possa ser
uma obviedade para muitos historiadores da ciência, parece-me sempre
instrutivo relembrar que toda e qualquer história da ciência fala de
“algum lugarâ€, o que impossibilita a pretensão de neutralidade e
evidência. Em outros termos, não há como negar a presença de valores,
os quais são os principais responsáveis pela constituição dos lugares
de onde falam os historiadores da ciência. Neste artigo, é meu objetivo
apresentar as agendas de duas versões da história da fÃsica no Brasil,
ambas muito conhecidas e ainda com presença notável. Refiro-me
aos capÃtulos escritos por J. Costa Ribeiro e S. Motoyama. Ou seja:
procurarei determinar o seguinte: Quais foram as perguntas e respostas
que eles deram? Por que essas perguntas e não outras? Ao final deste
trabalho, analiso a importância de reconhecermos a função
desempenhada pelos valores.