Apesar da alta prevalência de estenose mitral
no Brasil, nota-se impressionante subnotificação dos procedimentos
de tratamento percutâneo dessa afecção na literatura
nacional. Este artigo tem como objetivo relatar os
resultados e a evolução dos pacientes com estenose mitral
reumática, tratados pela técnica de Inoue. Métodos: Foram
analisados parâmetros clÃnicos, ecocardiográficos e relacionados
ao procedimento de pacientes tratados no perÃodo
de 1997 a 2009 e acompanhados por pelo menos um mês.
Resultados: Foram avaliados 102 pacientes, a maioria do
sexo feminino (89,2%), com média de idade de 38,1 + 11,1
anos, dos quais 80,4% estavam em classe funcional II-III.
A área valvar média pela ecocardiografia (ECO) era de 1,01
+ 0,19 cm² e pelo cateterismo (CAT), de 0,87 + 0,2 cm². O
escore de Wilkins & Block estava entre 5 e 8 em cerca de
90% dos pacientes e 88,2% estavam em ritmo sinusal. O
procedimento alcançou sucesso em 76,5% dos casos, com
aumento da área valvar mitral média de 1,9 + 0,5 cm² pelo
ECO (P < 0,001) e de 2 + 0,5 cm² pelo CAT (P < 0,001). O
gradiente médio átrio esquerdo-ventrÃculo esquerdo reduziu-
se de 16,6 mmHg para 4,2 mmHg (P < 0,001). O débito
cardÃaco aumentou de 3,75 l/min para 4,67 l/min (P < 0,001),
sendo um preditor de sucesso para o procedimento. Em
79,4% dos pacientes obteve-se a evolução de um ano, em
que 87,6% dos pacientes estavam em classe funcional I e
apenas 2 pacientes necessitaram tratamento cirúrgico. Durante
o seguimento de cinco anos não foi observado nenhum
caso de acidente vascular cerebral ou óbito de causa cardÃaca.
Conclusões: A valvoplastia mitral por técnica de Inoue
para o tratamento da estenose mitral reumática é técnica
eficaz a médio prazo, e com baixa taxa de complicações.
Despite the high prevalence of mitral stenosis
in Brazil, there is a significant underreporting of percutaneous
procedures in the treatment of this disease in the
national literature. This study is aimed at reporting the
results and course of patients with rheumatic mitral stenosis
treated with the Inoue balloon. Methods: Clinical, echocardiographic
and procedure-related parameters of patients
treated from 1997 to 2009 who were followed-up for at
least a month were evaluated. Results: One hundred and
two patients were evaluated, most of them females (89.2%),
with mean age of 38.1 + 11.1 years, 80.4% were in functional
class II-III. Mean mitral valve area obtained by echocardiography
(ECHO) was 1.01 + 0.19 cm² and 0.87 + 0.2 cm² by
hemodynamic measurements (HEMO). Wilkins & Block score
ranged from 5 to 8 in about 90% of the patients and 88.2%
of them were in sinus rhythm. The procedure was successful
in 76.5% patients with mean mitral valve area increasing
to 1.9 + 0.5 cm² as measured by ECHO (P < 0.001) and to
2 + 0.5 cm² as calculated by HEMO (P < 0.001). Mean left
atrial-left ventricular gradient was reduced from 16.6 mmHg
to 4.2 mmHg (P < 0.001). Cardiac output increased from
3.75 L/min to 4.67 L/min (P < 0.001) and this change was
a predictor of success. Of 79.4% patients who were followedup
for 1 year, 87.6% were in functional class I and only
2 cases required surgical treatment. During the 5-year
follow-up there were no cases of stroke or death due to
cardiac causes. Conclusions: Mitral valvuloplasty with the
Inoue balloon is effective for the treatment of rheumatic mitral
stenosis in the medium term and has a low complication rate.