Em 1988, Ivo Castro, responsável pela edição crÃtica da obra de Fernando Pessoa para a Imprensa Nacional Casa da Moeda, perguntava, numa comunicação intitulada “Edição CrÃtica de Pessoa: O Modelo Editorial Adoptadoâ€: “como negar ao leitor o máximo de conhecimento sobre o que está escrito por Pessoa nos manuscritos, quando sabemos que dentro de uma geração, provavelmente, nem o leitor, nem nós, seremos ainda capazes de decifrar a tinta sumida dos papéis?â€. Neste artigo mantenho que a codificação das fases de escrita no Livro do Desassossego permite representar o processo de composição textual que é interpretado de maneira diferente pelos especialistas. A especificidade da escrita pessoana presenta uma série de dificuldades que os especialistas enfrentam de forma diferente. Desta forma, a comparação entre o trabalho realizado com a edição crÃtica e o trabalho realizado com a codificação informática permite pôr em paralelo os problemas e soluções adotados em dois momentos diferenciados dos estudos pessoanos e dos estudos humanÃsticos em geral.