Este trabalho discute questões acerca das formas de interatividade próprias dos chamados audiogames – jogos em que o conteúdo sonoro é o principal elemento com o qual o jogador interage e em que o conteúdo visual pouco ou nada influencia na interação jogador-jogo – buscando compreender os motivos (históricos, econômicos, culturais, etc.) pelos quais a produção de jogos deste gênero é ainda escassa, tanto no Brasil quanto no mundo. Primeiramente, apresentamos os audiogames como um gênero de jogo com características próprias e singulares, assim como as principais formas de interação com este tipo de jogo. Em seguida, abordamos o que chamamos de supremacia da visão nas artes em geral e nos videogames em particular, buscando entender como as modalidades midiáticas em geral, historicamente, enfatizaram a visão em detrimento dos outros sentidos. Posteriormente, traçamos um breve histórico de dispositivos interativos – de brinquedos eletrônicos lançados na década de 1970 até os próprios audiogames – cujo principal sentido acionado no momento de interação é a audição, relacionando as formas particulares de interação com tais dispositivos, tanto para indivíduos com visão em pleno funcionamento, quanto para indivíduos dela destituídos. Por fim, discutimos a questão da acessibilidade e da inclusão de indivíduos destituídos da visão nas mídias interativas em geral e nos videogames em particular, apontando para possíveis cenários futuros.