Cabo-verdiana do Mindelo, ilha de São Vicente, Vera Duarte é uma mulher que desde muito cedo mostrou sua forte inclinação para a escrita. Participou dos “Jogos Florais 1976†para comemorar o primeiro aniversário da independência, obtendo Menção Honrosa. Em 1981, obteve o 1º lugar com uma coletânea de oito poemas dedicados à mulher em um concurso organizado pela Organização das Mulheres de Cabo Verde, a OMCV. Seguiu o caminho do Direito e tornou-se a primeira mulher magistrada em Cabo Verde. Foi Presidente da Comissão Nacional para os Direitos Humanos e Cidadania em Cabo Verde até 2008. Em 1993, assumiu, como primeira mulher, a Comissão Africana do Direito dos Homens e dos Povos, e, pela sua atividade em prol dos Direitos Humanos, recebeu o prêmio Norte-Sul de Direitos Humanos de Lisboa do Centro Norte-Sul do Conselho da Europa. Foi Ministra da Educação e Ensino Superior de Cabo Verde de 2008 a 2010 e, também em 2010, recebeu a condecoração da 1ª. Classe da Medalha do Vulcão, outorgada pelo Presidente da República de Cabo Verde por sua relevância na área das Letras.
Sua obra de estreia, Amanhã amadrugada, de 1993, foi seguida por O arquipélago da paixão, em 2001, que recebeu o prêmio TCHICAYA U TAM’ SI de poesia africana; pelo romance A candidata, de 2004, recebeu o prêmio SONANGOL de literatura. Seu mais recente livro de poemas é Preces e súplicas ou os cânticos da desesperança, de 2005. Em 2007 publicou uma coletânea de ensaios na área dos Direitos Humanos intitulada Construindo a utopia e, em 2010, uma coletânea advinda de sua obra poética intitulada ExercÃcios poéticos.
Na mais recente obra poética Preces e Súplicas ou Os Cânticos da Desesperança, Vera Duarte relembra a história da escravização e, para além, denuncia os horrores da Ãfrica, mas não apenas. Suas obras, assim como seu ativismo, traduzem o não conformismo com as incoerências da humanidade e as torna objeto de estudo e reflexão em vários espaços acadêmicos, sobre os mais diversos aspectos dos dois paÃses – Brasil e Cabo Verde –, estreitando sobremaneira os laços já existentes.