Há mais de cinco séculos, os contínuos empreendimentos de dominação colonial do território brasileiro e da extração de seus recursos são responsáveis pelo contato e também pelo isolamento voluntário dos povos indígenas nestas terras. Enquanto alguns foram violentamente “atraídos” e “pacificados”, outros evitaram e evitam como puderam e podem qualquer tipo de relação com comunidades exógenas. Ilhados em rincões que ainda lhes permitem certa autonomia, aqueles grupos que optam pelo isolamento são muitas vezes, como no caso de que trato, protegidos pelas barreiras tangenciais, intencionais ou não, proporcionadas por seus vizinhos indígenas e pelas Frentes de Proteção Etnoambiental da Fundação Nacional do Índio. As fotografias contidas neste ensaio foram realizadas a partir de uma incursão de trabalho de campo no estado de Rondônia, entre os meses de julho e agosto de 2016. Com elas, pretendo descrever em imagens algumas das (não)relações que favorecem a existência de um povo do qual sequer se conhece a língua.