Neste artigo discute-se o tema da fluidificação dos conceitos no pensamento político de Maquiavel. O propósito é demonstrar que o realismo político do autor de O Príncipe dependia estreitamente da realização de algumas transposições na escala tradicional dos vícios e das virtudes políticas presentes na literatura espelhos de príncipes, literatura que, no contexto intelectual de Maquiavel, ainda era referência importante pois persistia estabelecendo as normas de comportamento dos governantes cristãos. Contra as redescrições morais propostas por Maquiavel, apresentam-se aspectos da crítica dirigida a elas por alguns moralistas que reagiram asperamente às suas estratégias retóricas, crítica que culminou com o pensamento de Thomas Hobbes nos meados do século XVII.
In this article we discuss the topic of fluidity the concepts in the political thought of Machiavelli. The purpose is to demonstrate that the political realism of the author of “The Prince” was closely associated to the performance of some transpositions in the traditional scale of the political vices and virtues present in the literature mirrors for princes. This literature in the Machiavelli’s intellectual environment was still important reference since persisted establishing norms of behavior to Christian’s rulers. Against the moral redescriptions asserted by Machiavelli, we underline aspects of criticism directed to them by some moralists who reacted fiercely against their rhetorical strategies. I stress that these critical objections culminated in the thought of Thomas Hobbesin the middle of the 17th Century.