O senso de comunidade kaingang se resume como um ideal de convivialidade enquanto um grupo político e afetivo constituído por meio de relações empenhadas fundamentalmente na produção de corpos (d)e parentes, cuja duração conforma os espaços de socialidade que o caracteriza como uma economia política dos afetos. Se há “comunidade” é porque anterior a ela existe uma complexa teia de ações inter-relacionadas no âmbito das casas. Neste sentido, a ênfase descritiva concerne na apresentação dos modos de conceituar casa e comunidade no interior de um grupo indígena, onde cada uma dessas partes é composta por múltiplos espaços e tecida através de relações de parentalidade, estando cada qual concebida de modo particular, de acordo com as ações desempenhadas pelos sujeitos que o conformam. Para tanto, opta-se pela descrição de alguns princípios de agregação indígenas que desvelam uma complexidade relacional e política vinculadas à produção de laços de parentesco, “das pessoas como parentes”.