O objetivo desse texto é analisar as performances do ator baiano Zé Trindade (1915- 1990), personificando a figura de um Don Juan tropical em seis comédias cinematográficas musicadas brasileiras – as chanchadas-, produzidas no Rio de Janeiro entre os anos de 1957 e 1961. Uma das perplexidades que nos acercam em torno do sucesso cinematográfico dele nessa composição, imortalizada no teatro por Molière, é que o seu tipo físico normalmente o levaria para a composição de vilões, e não de galãs. Na modelagem de nossa abordagem, levamos em conta aportes provenientes da História universal do humor (Georges Minois), da Psicologia da sedução (Robert Epstein), da Sociologia do cinema (Miguel Chaia), das representações da malandragem na cultura brasileira (Cláudia Matos), bem como a clássica abordagem de Laura Mulvey “Prazer visual e cinema narrativo” sobre a mulher e erotismo no cinema.