A agregação do potencial de criatividade e dos processos cognitivos tem sido defendida como necessária para a implementação de cenários pedagógicos promotores de aprendizagens significativas. Este estudo tem como propósitos verificar em que medida o potencial criativo está relacionado com os processos cognitivos, sinalizar implicações do treino do potencial criativo para as respostas educativas, analisar se o desempenho cognitivo nas provas de pensamento convergente e nas provas de pensamento criativo, aumentam ou diminuem com a idade/ano escolaridade das crianças, verificando que, caso existam diferenças, estão relacionadas com a natureza cognitiva das provas.
Os dados discutidos dizem respeito a informações obtidas com amostra não probabilÃstica de conveniência, constituÃda por 30 alunos que frequentam o Ensino Básico português, em contexto público, no Norte do paÃs. A recolha de dados decorreu entre Dezembro 2015 e Abril de 2016. Como principais resultados destaca-se que as provas que avaliam processos cognitivos centrados na compreensão e no raciocÃnio estão fortemente correlacionadas entre si e praticamente não estão relacionadas com as provas que avaliam os processos cognitivos da criatividade. Quando correlacionados os resultados obtidos nas provas de pensamento criativo verificou-se a existência de correlação mais elevada entre os resultados destas provas do que entre os resultados destas provas e os resultados das provas de QI. Destaca-se a existência de coeficientes distintos consoante a tipologia de pensamento e o tipo de conteúdo. Embora os resultados não sejam totalmente esclarecedores em alguns domÃnios épossÃvel afirmar que é praticamente inexistente a relação entre os processos cognitivos, avaliados pela ECCOs, com o potencial criativo, avaliado pela EPoC.
Deste modo, os resultados são satisfatórios e encorajadores para trabalho e investimento na temática, sendo este tema alvo de interesse ao nÃvel da intervenção psicoeducativa e uma prioridade na investigação ao nÃvel do potencial de criatividade e ao nÃvel dos processos cognitivos. Este estudo contribuiu para a identificação precoce de dificuldades de aprendizagem, assim como para a criação de intervenções futuras, quer a nÃvel psicológico quer a nÃvel educacional.