O presente artigo analisa o silenciamento das mulheres no livro ParaÃso (2014), de Tatiana Salem Levy. Considerando que a literatura se constitui como uma possibilidade de explorar a condição humana, organizando a experiência caótica da vida na narrativa, é possÃvel analisar no livro de Levy como se dá o processo de legitimação das agressões para com as mulheres, bem como o silenciamento decorrente de uma educação voltada para a manutenção da submissão feminina. A partir dos estudos de Guacira Lopes Louro (2007), Luciana Santos de Oliveira e Luciano Amaral Oliveira (2010) e Elizabeth Badinter (1993), analisou-se como os comportamentos masculino e feminino são moldados para a perpetuação da submissão feminina, transformando-a num habitus. As personagens femininas aparecem, então, como figurações da situação feminina que, resguardadas as diferenças, mantém a violência e a submissão independente de classe, raça ou época.