O escritor Victor Giudice (1934-1997) era profundo conhecedor de música erudita e também compositor de sambas e outras canções populares, ainda inéditos. Funcionário do Banco do Brasil, tornou-se, depois da aposentadoria, crÃtico de música do Jornal do Brasil. Mas, desde o lançamento de seu primeiro livro, em 1972, sua profunda relação com a música já marcava seu diferencial como contista, através de um singular domÃnio do ritmo, que vai se aprimorando cada vez mais ao longo do tempo. Este artigo tem como objetivo abordar a relação que a obra de Victor Giudice (1934-1997) mantém com a música e, para isto, trata especificamente da função do ritmo na narrativa ficcional como estratégia de engajamento do leitor. A partir da articulação entre ritmo, forma e temporalidade, o artigo aborda, na ficção de Giudice, tanto o ritmo relativo ao tempo de revelação dos fatos quanto o ritmo como modelador da escritura em si.
The writer Victor Giudice (1934-1997) was a deep connoisseur of classical music and a composer of sambas and other popular songs, many of which are still unpublished. He worked for the Bank of Brazil, and after his retirement, wrote music critique for Jornal do Brasil. Nonetheless, since the release of his first book in 1972, his profound relationship with music became a clear mark of his distinctiveness as a short story writer, above all, through his singular and ever-growing domain of rhythm. This article aims to address the relationship that Victor Giudice’s work maintains with music and, for such a purpose, specifically deals with the function of rhythm as a strategic element for reader engagement in fictional narratives. Based on the relationship between rhythm, form, and temporality, this article discusses both rhythm in relation to the disclosure speed of facts and rhythm as the shaper of writing itself.