Este artigo parte da noção de que La chute de la maison Usher (1928, Jean Epstein) pode ser considerado não só uma adaptação do conto homónimo de Edgar Allan Poe, como fundamentalmente um trabalho sobre diversos motivos narrativos, figurais, teóricos e filosóficos do autor norte-americano. Esta reflexão é guiada pelo argumento geral de que Epstein se serve das indagações ontológicas que Poe levou a cabo a propósito das relações entre a literatura e a realidade para formular a sua própria reflexão sobre as complexas conexões entre o cinema e o real fÃsico. Deste modo, e tomando La chute como um filme de charneira na filmografia do cineasta, que une a sua primeira fase vanguardista com a segunda, composta por filmes mais naturalistas filmados na Bretanha, procura-se averiguar a importância decisiva de Poe para a evolução de Epstein enquanto pensador e enquanto cineasta
This article is based on the idea that, being more than a regular adaptation of Edgar Allan Poe’s tale of the same title, Jean Epstein’s La chute de la maison Usher (1928) explores many of Poe’s narrative motives, symbolic figures and theoretical and philosophical ideas. My main argument is that Epstein uses Poe’s literary enquiries on the relations between literature and reality in order to develop his own reflection on the dynamics between film and physical reality. With this in mind, and taking into account La chute’s pivotal place in Epstein’s filmography, as a stepping-stone between his first, more avant garde phase, and his second phase composed of naturalist films shot in Brittany, I aim to recognize the fundamental role Poe had in the evolution of Epstein as a theorist and as a film director.