A despeito de Charles Harold Dodd ter afirmado que o Corpus Hermeticum III, intitulado ἹεÏὸς Λόγος, não é um tratado hermético, mas judaico-estoico e que não tem nenhuma afinidade com a Literatura Hermética, mesmo que Walter Scott tenha considerado o Corp. Herm. III como um tratado sem ou quase inteiramente sem sentido, é plausÃvel que esse texto tenha sido escrito sob a influência dos aforismos sapienciais ou das sentenças gnômicas, apresentando semelhanças com vários tratados herméticos, apresentando similaridades monistas. O mito cosmogônico do ἹεÏὸς Λόγος é influenciado pelas sentenças iniciais e finais do tratado, que formam uma moldura e orientam todo texto. Embora seja considerado um tratado judaico-estoico, o Corp. Herm. III tem relações com os temas do hermetismo mágico-astrológico dos Papyri Graecae Magicae, tais como ϰοσμιϰὴ σÏγϰÏασις, ἀνάγϰη, á¼Î½ÎÏγεια e δÏναμις ϑεία. Ademais, o ἹεÏὸς Λόγος propõe o conhecimento das potências astrais divinas (εἰς γνῶσιν ϑείας δυνάμεως). O presente artigo objetiva, por meio de uma análise do gênero literário das γνῶμαι ou ἀφοÏισμοί e suas tipologias, demonstrar que o Corp. Herm. III é um tratado cujo monismo faz parte de toda uma tradição mágico-astrológica que subjaz ao texto religioso.