Nesse artigo analiso as entrevistas realizadas com os membros de uma associação de filhos adotivos no Brasil, assim como as cartas endereçadas à página web da associação, para entender noções de pertencimento familiar em interação com o sistema jurÃdico ao longo das últimas décadas. Meus resultados sugerem uma linha de continuidade entre o segredo associado tradicionalmente com a adoção, a confidencialidade imposta pelo Estado e as estratégias dos pais adotivos para garantir a plena integração da criança na famÃlia. Os resultados também levantam dúvida quanto à natureza polÃtica do processo de adoção, revelando uma dinâmica de desigualdade que, apesar de reformas democráticas e noções de pertencimento familiar em plena mutação, ainda ocupa um lugar importante na definição de processos institucionais.