Dentro de uma série de convicções básicas do atual filosofar acadêmico destacam-se duas caracterÃsticas: a exigência de exaustividade e a exigência de frieza vital, que determinam que os trabalhos filosóficos sejam feitos com pleno conhecimento de fontes e de maneira objetiva e impessoal. O texto traz à tona dois escritores brasileiros que contestam essas exigências: Oswald de Andrade enfrenta a exigência de exaustividade com a sua ideia da antropofagia, e Raul Seixas a exigência de frieza vital através de um pensamento vivido na música e assumido na própria vida e morte. O texto defende que estas duas atitudes enfrentam uma situação atual de indústria cultural filosófica, numa tecnologia do paper erudito e sem autoralidade. Pensar contra essa tendência é um modo de dispensar o pensamento europeu, visto hoje não como modelo a seguir, mas como mero objeto de estudo.
Two features in the present academic philosophical practice are exhaustiveness and impersonality, demanding full knowledge of sources and anonymous styles of expositions. Two Brazilian writers challenge these academic demands: Oswald de Andrade faces the demand of exhaustiveness with his idea of anthropophagy; Raul Seixas does the same regarding the demand of impersonality, through the exercise of a philosophy intensely lived in a way of making music, living and dying. This article maintains that these two insurgent attitudes challenge a present situation of “philosophical cultural industry†centered upon the production of papers erudite and without existential involvement. Thinking against this hegemonic tendency means beginning to take European philosophy as a model for doing philosophy instead of a mere object for scholarly analysis.