DAS SEPARAÇÕES À DESCOLONIZAÇÃO: UM COMPROMISSO DE LEITURA

Revista Ideação

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ISSN: 2359-6384
Editor Chefe: Laurenio Leite Sombra
Início Publicação: 31/01/1997
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia

DAS SEPARAÇÕES À DESCOLONIZAÇÃO: UM COMPROMISSO DE LEITURA

Ano: 2017 | Volume: 0 | Número: 35
Autores: P.A.P. Gonçalves
Autor Correspondente: P.A.P. Gonçalves | [email protected]

Palavras-chave: Especismo; Racismo; Filosofia Moderna; Descolonização.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

O discurso filosófico ocidental da modernidade é marcado, em sua grande parte, pela separação completa entre os humanos e os animais. Immanuel Kant mobiliza um importante aparato argumentativo que, não apenas reafirma tal separação, mas estabelece a primeira definição filosófica, senão científica, do conceito de raça (BERNASCONI, 2001). Nosso interesse é apresentar a argumentação desenvolvida por Kant em alguns de seus textos mostrando o comprometimento dessa argumentação com: (i) a ideia de expropriação do mundo animal por meio do especismo, bem como (ii) a expansão colonial na medida em que “rebaixa” outras pessoas que não fazem parte da comunidade cosmopolita europeia de raça branca. Assim, é preciso entender a filosofia do esclarecimento vinculada ao compromisso com a supremacia branca (MILLS, 1997, 2006) que ilustra a ontologia ocidental bem marcada pela dominação feita pelos brancos aos povos não europeus, bem

como pela exploração do animal. Argumentamos, portanto,

que o esforço pelas descolonizações precisa acontecer nas

leituras contemporâneas da filosofia, área que muitas vezes

marginaliza temas fundamentais nas concepções de seu

próprio campo especulativo.



Resumo Inglês:

The Western philosophical discourse of modernity is framed, for its major part, for the complete separation between humans and animals. Immanuel Kant mobilizes an important argumentative apparatus which not only reasserts this separation, but also establishes the first philosophical definition, if not a scientific one, of the concept of race (BERNASCONI, 2001). My goal is to present the arguments developed by Kant in some of his texts showing its commitment with: (i) the idea of the animal world expropriation through speciesism, and (ii) the colonial expansion that “demeans” others who are not part of European cosmopolitan community of Whites. Thus, one must read Enlightenment philosophy as closely related to the commitment to white supremacy (MILLS, 1997, 2006) that illustrates the Western ontology framed by domination made by Whites to non-European peoples, as well as animal exploitation. I argue, therefore, that decolonization efforts must occur in contemporary readings on philosophy, area in which key issues in the conceptions of their own speculative field are often left aside.