A ARMADILHA DA TÉCNICA: ENTRE PENSAR E OBEDECER

Revista Ideação

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ISSN: 2359-6384
Editor Chefe: Laurenio Leite Sombra
Início Publicação: 31/01/1997
Periodicidade: Semestral
Área de Estudo: Filosofia

A ARMADILHA DA TÉCNICA: ENTRE PENSAR E OBEDECER

Ano: 2017 | Volume: 0 | Número: 35
Autores: L. Coimbra
Autor Correspondente: L. Coimbra | [email protected]

Palavras-chave: Pensamento; Obediência; Técnica, Serenidade.

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A instalação burocrática que caracteriza as estruturas sociais definindo as relações humanas na contemporaneidade
põe em risco a liberdade do homem em decidir sobre a sua vida e a sua existência, na medida em que não tem autonomia para agir livremente apartado das interferências exteriores. A esse nível de existência se interpõem questões que se referem ao modo como a época se apresenta, qual seja, tecnológica. Para alguns, a técnica é sinal de progresso e de organização da vida, sobretudo, quando como sinal dela é possível um autogerenciamento da rotina e das relações interpessoais. No entanto, à composição da técnica pertence uma ordenação do mundo, em que este e os homens tornam-se, em referência a ela, meros disponíveis. Sendo assim, o homem disponível à técnica é o que obedece ao gerenciamento proposto por ela, seja nas estruturas sociais a que pertence, seja de modo tão íntimo a determinar o modo como ele pensa e age. A técnica atua com dispositivos de controle, antecipação e rigor que determinam previamente o modo como tudo se dispõe. Nesse sentido, a atuação do homem contemporâneo fica restrita à obediência dessa dinâmica e seu pensamento atua a partir do que é disposto para ele pela técnica. Como esta atua através de cálculos e determinações prévias, o tipo de pensamento que obedece à sua dinâmica é o que calcula. O pensamento que calcula, no entanto, funciona a partir do que é dado, do que está à mão, sem abrir espaço para a surpresa. Ao contrário dele, o pensamento que medita atém-se ao mistério presente na surpresa e na novidade, acolhendo-os como morada e nele encontrando serenidade para se relacionar com o mundo e com os outros homens, abrindo-se para o desconhecido que neles existe.



Resumo Inglês:

The bureaucratic installation that characterizes social structures defining human relations in contemporary times puts at risk the freedom of man to decide on his life and his existence, since he does not have the autonomy to act freely from outside interference. At this level of existence questions arise that refer to the way the epoch presents itself, that is, technological. For some, technique is a sign of progress and life organization, specially when, as a sign of it, self-management of routine and interpersonal relationships is possible. However,
to the composition of the technique belongs a world order, in which world and men become, in reference to technique, merely available. Therefore, the man available to the technique is what obeys the management proposed by it, either in the social structures to which he belongs, or so intimately to determine the way in which he thinks and acts. The technique works with control devices, anticipation and rigor that determine in advance the way everything is made available. In this sense, the performance of contemporary man is restricted to the
obedience of this dynamics and his thinking acts according to what is arranged for him by technique. As it acts through calculations and prior determinations, the kind of thinking that obeys its dynamics is that which is calculated. The thinking that calculates, however, works from what is given, from what is at hand, without making room for surprise. Contrary to this, the thought that meditates is attached to the mystery present in surprise and novelty, welcoming them as an abode and finding in it the serenity to relate to the world and other men, opening to the unknown that exists in them.