Na primeira parte deste artigo, publicada em 2016 na revista Archai, analisamos a concepção de Pierre Hadot da filosofia antiga compreendida como “modo de vida” e exercida através dos chamados “exercícios espirituais”. Discutimos como Hadot acentuou o papel de Sócrates em sua reflexão, e, em particular, como o autor destacou a atopía daquele indivíduo, vendo nela uma “estranheza” (étrangeté) própria da prática filosófica. Nesta segunda parte, mostraremos que Hadot projeta a “estranheza” de Sócrates para definir as demais escolas filosóficas antigas. Além de apresentar os significados, as implicações, assim como algumas das aporias da relação entre Sócrates, a filosofia como modo de vida e a atopía, discutiremos se e em que medida o pensamento de Hadot seria ele mesmo “atópico”.