De onde iniciar a ver/ler a obra de Sara Ramos? Desejo partir dos dispositivos do discurso e do saber, além de percepções subjetivas, com o intuito de operar em algumas possibilidades de tradução. Além disso, me agrada a ideia de buscar uma possibilidade de compreensão de sua obra a partir de diálogos com a minha própria fatura artística. Tal desafio é assumir caminhar junto dela - e me por à prova - em um limiar de transmutação poética ou, como diria Benjamim, traição. Apesar de o conceito de tradução inscrever-se em uma herança racional que pretende estabelecer uma espécie qualquer de ordem ao caos, um tradutor é antes ser criador, ser imaginativo que interpreta a seu modo uma multiplicidade infinita de impossibilidades.
Where to start when reading/seeing the work of Sara Ramos? I wish to start from the devices of discourse and knowledge, as well as subjective perceptions, with the intention of operating on some translation possibilities. Also, I like the idea of seeking a possibility of understanding her work through dialogues with my own artistic work. Such a challenge is to assume I am walking with her - and putting me to the test - on a threshold of poetic transmutation or, as Benjamin would say, betrayal. Although the concept of translation is inscribed in a rational inheritance that seeks to establish a kind of order of chaos, before being a creator a translator is an imaginative being who interprets in his own way an endless multiplicity of impossibilities.