Ocorrência de hepatites virais, helmintíases e protozooses em primatas neotropicais procedentes de criação domiciliar: afecções de transmissão fecal-oral com potencial zoonótico

Revista Pan-Amazônica de Saúde (RPAS)

Endereço:
Rodovia BR-316 km 7 - s/n - Levilândia
Ananindeua / PA
67030-000
Site: http://revista.iec.gov.br
Telefone: (91) 3214-2185
ISSN: 2176-6223
Editor Chefe: Isabella M. A. Mateus
Início Publicação: 02/01/2010
Periodicidade: Trimestral
Área de Estudo: Ciências Biológicas, Área de Estudo: Ciências da Saúde, Área de Estudo: Multidisciplinar

Ocorrência de hepatites virais, helmintíases e protozooses em primatas neotropicais procedentes de criação domiciliar: afecções de transmissão fecal-oral com potencial zoonótico

Ano: 2010 | Volume: 1 | Número: 3
Autores: Washington Luiz Assunção Pereira, Katiany Rocha Galo, Klena Sarges Marruaz da Silva, Manoel do Carmo Pereira Soares, Max Moreira Alves
Autor Correspondente: Washington Luiz Assunção Pereira | [email protected]

Palavras-chave: zoonoses, enteropatias parasitárias, vírus da hepatite, primatas

Resumos Cadastrados

Resumo Português:

A criação de primatas não humanos em domicilio não é permitida pela legislação ambiental. Entretanto, na Região Amazônica é comum encontrar primatas não humanos convivendo em ambientes familiares. Essa interface favorece a transmissão de doenças de caráter zoonótico. Esta pesquisa se propôs avaliara presença de alguns agentes zoonóticos em primatas não humanos de criação domiciliar. Foram investigados animais doados ou apreendidos pelo Batalhão de Policiamento Ambiental e/ou Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis no Estado do Pará e encaminhados ao Centro Nacional de Primatas. Durante a quarentena, 25 animais foram submetidos a colheitas de sangue para a obtenção de soro e pesquisa de anticorpos para hepatites virais (tipos A, B e E), realizada no Instituto Evandro Chagas. A análise parasitológica fecal foi realizada em 29 animais, sendo utilizados os métodos de Willis, Hoffman e exame direto. Nenhum dos animais apresentou anticorpos positivos para anti-HBV e anti-HEV; entretanto, 12% dos animais apresentaram positividade para anticorpos anti-HAV totais. Os estudos parasitológicos demonstraram que 48,2% apresentavam algum tipo de parasita com potencial zoonótico, ocorrendo Strongyloides stercoralis em 17,2% casos, sendo que em 3,4% dos casos este parasita estava associado à Giardia lamblia. Isoladamente, Giardia lamblia e Entamoeba histolytica ocorreram, respectivamente, em 3,4% e 10,3% dos casos estudados. Os patógenos descritos nesse estudo são de veiculação fecal-oral. Portanto, concluiu-se que a relação domiciliar de primatas não humanos com o homem não é recomendável e deve ser encarada como problema de saúde pública.



Resumo Inglês:

Brazilian environmental legislation does not allow non-human primates to be raised in captivity. However, this remains a common practice in the Amazon region, and the close proximity of animals and humans facilitates the transmission of zoonotic diseases. The goal of the present study was to evaluate the presence of zoonotic agents in household-raised non-human primates. We analyzed animals donated or apprehended by Brazil's Environmental Police Battalion and/or the Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis in Pará State, Brazil, and sent to the Centro Nacional de Primatas. Blood samples taken from 25 animals during the quarantine period were subjected to serum and antibody tests for viral hepatitis (types A, B and E) at the Instituto Evandro Chagas. Parasitological analysis of fecal material was performed on 29 animals using direct examination and the Willis and Hoffman methods. None of the animals tested positive for anti-hepatitis B or anti-hepatitis E virus antibodies, but 12% were positive for total anti-hepatitis A antibodies. In addition, parasitological studies showed that 48.2% of the animals had parasites with zoonotic potential. Strongyloides stercoralis was observed in 17.2%, but this parasite was associated with Giardia lamblia in only 3.4% of the samples. Giardia lamblia and Entamoeba histolytica were detected in 3.4% and 10.3% of the samples, respectively. All of the pathogens described in this study are transmitted through the fecal-oral route. Therefore, we concluded that non-human primates should not be raised in captivity, and this practice should be addressed as an important public health concern.



Resumo Espanhol:

La cría de primates no humanos en domicilio no está permitida por la legislación ambiental. Sin embargo, en la Región Amazónica es común encontrar primates no humanos conviviendo en ambientes familiares. Esa interfaz favorece la transmisión de enfermedades de carácter zoonótico. Esta investigación se propuso a evaluar la presencia de algunos agentes zoonóticos en primates no humanos de cría domiciliaria. Fueron investigados animales donados o aprendidos por el Batallón de Policía Ambiental y/o el Instituto Brasileno de Medio Ambiente y Recursos Renovables en el Estado de Pará y encaminados al Centro Nacional de Primates. Durante la cuarentena, 25 animales fueron sometidos a colectas de sangre para obtener suero e analizar anticuerpos para hepatitis virales (tipos A, B y E), realizadas en el Instituto Evandro Chagas. El análisis parasitológico fecal se realizó en 29 animales, siendo utilizados los métodos de Willis, Hoffman y el examen directo. Ninguno de los animales presentó anticuerpos positivos para anti-HBV y anti-HEV; sin embargo, un 12% de los animales presentó positividad para anticuerpos anti-HAV totales. Los estudios parasitológicos demostraron que un 48,2% presentaba algún tipo de parásito con potencial zoonótico, ocurriendo Strongyloides stercoralis en 17,2% de casos, siendo que en 3,4% de los casos este parásito estaba asociado a la Giardia lamblia. Aisladamente, Giardia lamblia y Entamoeba histolytica ocurrieron, respectivamente, en 3,4% y 10,3% de los casos estudiados. Los patógenos descritos en este estudio son de vehiculación fecal oral. Por lo tanto, se concluyó que la relación domiciliaria de primates no humanos con el hombre no es recomendabley debe ser encarada como problema desalud pública.