O presente artigo aborda o trabalho doméstico à partir do imaginário social brasileiro, histórico e socialmente construído, oriundo de um longo período de escravidão que concebe a mulher negra em um papel de servidão e submissão análogos ao papel das mucamas, aquelas que ocupavam o âmbito doméstico e tinham como função cuidar de todo trabalho reprodutivo. Sob uma perspectiva interseccional que prioriza o três eixos de poder: raça, classe e gênero. Entende-se, neste artigo, que a condição destas trabalhadoras enquanto domésticas não escapa ao racismo, classismo e patriarcalismo tão presentes na sociedade brasileira que às confina em empregos considerados socialmente “subalternos” e não lhes dá mínimas condições de ascensão social, já que, enquanto negras, são consideradas um corpo, sem mente, capazes apenas do trabalho manual e incompetentes para o trabalho intelectual. Esta pesquisa busca explicitar a identidade do trabalho doméstico no Brasil levando em conta que este possui um perfil majoritariamente negro e uma história definida pelas relações servis de trabalho.