O brincar sempre foi interpretado por Freud como uma expressão da realização de desejo de uma criança, pois, originalmente, não se pensava em neurose e psicopatologia na infância. A evolução da clínica infantil de base psicanalítica é construída por diversos teóricos, mas nesta pesquisa trabalharemos essencialmente com a noção winnicottiana do brincar, com a sua obra O brincar e a realidade (1975), bem como com teóricos da atualidade que discorrem sobre o papel do brincar no atendimento com crianças, também sinalizando para essa obra como um importante marco teórico. O presente estudo trata-se de uma pesquisa bibliográfica que encontrou como ponto de partida as frequentes demandas apresentadas nos atendimentos infantis realizados durante a disciplina de Estágio Profissionalizante do curso de Psicológica da Unicatólica. É a partir do brincar que é possível se comunicar com os pequenos pacientes e interpretar suas necessidades, as quais muitas vezes não são compreendidas pelas demais pessoas. Ademais, complementaremos tais resultados teóricos com o que foi vivenciado em nossa experiência do estágio em clínica psicanalítica, tendo em vista a enorme demanda infantil do serviço de psicologia aplicada – SPA e, consequentemente, o elevado número de atendimentos infantis realizados pelos estagiários do serviço. Conclui-se que as formulações winnicottianas mostraram-se válidas não apenas em clínicas que trabalham a partir do modelo tradicional, ao contrário, todo processo de referencial psicanalítico pode encontrar como método o brincar, deste modo proporcionando um setting criativo, espontâneo e acolhedor para o trabalho psicoterápico infantil.