Nas últimas décadas, muitos estudos e pesquisas desenvolvidos no campo do ensino/aprendizagem de línguas, sobretudo de línguas estrangeiras e segundas, têm-se dedicado a discutir a importância da cultura e das relações interculturais como dimensões integrantes do processo de aprendizagem. Essa preocupação tem como princípio o fato de que ensinar e aprender uma língua é um processo muito mais amplo e complexo do que a simples transmissão e apreensão de estruturas formais e de regras de utilização dessas estruturas. Neste artigo, proponho-me a revisitar a ideia de cultura para, em seguida, estabelecer a sua relação com a língua, ressaltando a atualidade desse tipo de reflexão para a área de ensino-aprendizagem de LE/L2, especialmente com foco na língua portuguesa. Entre outros aspectos, desejo mostrar que as tendências contemporâneas para o ensino e a formação de professores de línguas reconhecem que as abordagens de ensinar e aprender, sejam quais forem as suas orientações teóricas, não devem isolar a língua da vida em que vivemos e da cultura ou culturas que a abrigam, como meio de assegurar uma educação linguística de qualidade e condizente com as exigências do mundo contemporâneo.