Este artigo se insere no âmbito de um estudo que teve por objetivo investigar a luta atual pelo direito de mulheres operárias – e suas crianças – à creche pública de Santo André, município do Grande ABC do estado de São Paulo. Luta cuja trajetória ganha destaque com a efervescência dos movimentos sociais e sindicais, nas décadas de 1970 e 1980. Para tanto, utilizou-se de entrevistas com mães operárias com filhos e filhas matriculados/as em uma das creches da rede pública desse município. A análise dos dados mostrou que as mães defendem direitos, para além das questões trabalhistas, uma vez que se torna explícita a busca por educação pública, gratuita e de qualidade. Tal aspecto desconstrói tanto o discurso recorrente de que as famílias de camadas populares buscam as creches única e exclusivamente como local de guarda e de assistência para suas crianças, como também cria condições para a produção de culturas infantis.
This article forms part of a study aimed to investigate the current struggle for the rights of working class women’s and their children for day care center of Santo André, a city in the "Grande ABC", in the State of São Paulo. A struggle whose trajectory stands out with the effervescence of social and union movements, in the 1970s and 1980s, in Brazil. For this purpose, we used interviews with working class mothers, who have sons and daughters registered in public daycare center in this municipality. The data analysis showed that mothers defend, fight, beyond their labor rights, highlighting their search for public, high quality, free basic education, which deconstructs the recurrent discourse that the working class families look for day care center exclusively as a place of custody and care for their children by creating conditions for the production of child cultures.